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sábado, 20 de junho de 2015

Museu da Arte e Historia do Judaísmo - estatua do capitão Dreyfus


Entrada do Museu
 
          É evidente que esse é um endereço bastante conhecido. Le Musée d'art et d'histoire du Judaisme que foi aberto em 1998 e instalado no belíssimo Hotel de Saint-Aignan - seculo XVII.
         Mas esse meu post é para falar da estatua pouco percebida no centro da cours principal.
         Trata-se do não menos capitão Dreyfus com sua espada partida, que significa uma enorme parte da sua historia.



Patio interno do Museu
   
Escola Militar
          Alfred Dreyfus foi um oficial francês, judeu e vitima do maior erro judiciário da França, ocorrido em 1894. Condenado por um crime que não cometeu, teve em 1895, em plena praça de honra da Escola Militar, diante de uma multidão, retirado os galoes de oficial numa cena humilhante. Entre todos os militares da escola  era o único oficial judeu (assumiu característica de anti semitismo Nacional) e seu caso tomou proporções enormes em toda sociedade francesa e em todo o mundo. Seu suposto crime se referia a um conjunto de documentos "falsos" denominado
 "Le bordereau"e sua acusação, pelos monarquistas, era de que ele teria,através deste, vendido segredos militares aos alemães.
     
            Condenado a prisão perpetua em fevereiro  de 1895, foi enviado para a ilha do Diabo onde ficou por quatro anos, quando teve novamente novo julgamento na cidade de Rennes, em 1899 e de novo condenado. Era visível sua inocência, e nessa época a França se dividiu em dois grupos: os dreyfusards e os anti-dreyfusars.
Champs de Mars - em frente a Escola Militar











           Emile Zola foi fundamental para o esclarecimento de todo esse terrível erro judiciário, assim como nosso grande jurista Rui Barbosa. A famosa carta ao Presidente em defesa de Dreyfus  e denunciando o Alto Comando Militar, intitulada J'accuse, é da autoria de Zola que muito fez para provar sua inocência.
         Foi anistiado e reabilitado em 1906.
         O caso Dreyfus, que reflete o anti semitismo, retomou o termo Shoah - esse é originário de um dialeto alemão, falado pelos judeus ocidentais e vem do hebraico.
         O museu apresenta documentos únicos da arte e da historia dos judeus na França - assim como a cultura e suas tradições. possui ainda gravuras, jornais, objetos, pinturas e todo um acervo da interessante historia desse povo. Para minha surpresa, encontrei entre os livros expostos, um exemplar idêntico ao meu cujo titulo é : Cinq années de ma vie de A. Dreyfus - diário escrito quando esteve preso na ilha do Diabo - minha edição é também de 1901.

7, Rue de Renaudes - Paris

Esta enterrado no cemiterio de Montparnasse - Paris







Metro - Rambuteau

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Locais quase desconhecidos dos turistas

           Nos dias que passei em Paris desta última vez ( maio 2015 ) decidi que o melhor era mesmo sair andando sem rumo, sem pressa, em busca de locais escondidos. Quando se propõe a descobrir novos locais, sentimos que nossos olhos e nossos sentidos nos levam ate eles. Vários me surpreenderam pela beleza e por estar em locais por onde passei tantas vezes e nem percebi, outros eram conhecidos mas que não dava tanta importância, afinal  ainda não tinha esse meu canto especial para dividir com vocês minhas experiencias.


Estação de Metro Palais Royal - Museu du Louvre

          Completamente diferente das outras estações. Encontrei um casal de médicos e ficamos conversando a respeito. Ele me disse que a obra é do artista francês Michel Othoniel. Feita quase que inteiramente de vidro, sendo este seu principal material. Não é das minhas preferidas, mas vale a pena descer uma vez nessa estação para conhecer o trabalho deste artista que tem suas obras expostas em vários países.



Metro - Palais Royal

Rue Germaine Taillefere - 19eme arrondissement

       
     










Esta rua fiquei conhecendo quando voltava da visita ao local " La Vache Bleu ". Raul Castaneda estava em minha companhia e me explicou que o nome da rua era uma homenagem a uma compositora francesa. Mas o que me chamou a atenção foram os desenhos dos muros. Originais e bem coloridos...adorei e não perdi a chance de me fotografar sendo observada por aquela mulher com olhos enormes e de cor lilas. Na minha mão, um ramalhete de flores lilas que Raul Castaneda tinha me oferecido do jardim do seu atelier.

Metro - Ourcq

Square d ' Ajaccio - 1865 - 7eme arrondissement

   
          Tantas vezes passei por esse local, mas desta vez realmente prestei atenção. Trata- se do jardim que fica num dos lados  do "Hotel des Invalides" - direção Museu Rodin.

          Ele possui duas lindas estatuas de bronze  e um medalhão... homenagem a Hippolyte Taine, fica debaixo da arvore onde costumava passar um tempo meditando e sonhando, ele foi um filósofo e historiador francês ( 1828 - 1893 ).
Medalhao




          As estatuas são: La defense du Foyer e a outra do General Gourand - General Frances (1ª guerra mundial e guerra Franco-síria).
La defense du Foyer
         


General Gourand
          Esse square foi criado por Jean-Charles Alphand com bastante arvores e as magnólias que perfumam o local.
         O parisiense da muito importância a esses pequenos, médios ou grandes jardins escondidos nos cantos de Paris. No verão e outono podemos encontrar uma enorme quantidade de pessoas lendo, conversando ou mesmo levando as crianças para se divertirem.
Local tranquilo e gostoso para descansar depois de uma longa visita ao Museu das Armas - Invalides.

Metro - Invalides

Jardin Catherine Laboure -

Vista do Jardim Catherine Laboure

           Lindo jardim no 7eme, rue de Babylone. É  preciso estar atento pois está escondido atras dos muros desta rua. Pesquisando descobri que o nome é de uma religiosa que foi testemunha da aparição da virgem no século 19. Os bancos ficam à sombra de belas cerejeiras e macieiras que da ao local um ar verdadeiramente romântico.
          Existe uma associação neste jardim dedicada a preservação do local e que oferece a cada quarta feira, atividades pedagógicas para as crianças de 4 a 8 anos.

Local das atividades pedagógicas.


















Metro - Servre-Babylone

                 Depois de tanto andar por Paris, nada melhor do que descansar ao lado dessa simpática escultura que fica em frente ao Institut Hongrois a Paris.

92, Rue Bonaparte






quarta-feira, 10 de junho de 2015

Vel d'Hiv  ( Vélodrome D' Hiver )

          O Vélodrome (construído por Henri Desgrange - ciclista e jornalista), era um circuito utilizado para a prática de vários esportes como por exemplo, as corridas de bicicleta, patinação, hóquei, circo, espetáculos, etc...


Foto internet antigo Vélodrome d 'Hiver
          Nos dias 16 e 17 de julho de 1942 , "as autoridades francesas perseguiram e detiveram mais de treze mil judeus que ficaram retidos do Velódromo de Inverno, antes de serem enviados para os campos de extermínio nazista, sob as ordens dos alemães e colaboradores do governo de Vichy". Eram homens, mulheres e crianças... uma enorme tragedia que deixou marcas profundas na historia da França.

Interior de Vélodrome
Resultado de imagem para vel d'hiv 1942
Ônibus que transportava os judeus
O Velódromo ficava localizado no 15ème arrondissement, Rue
Nelaton, esquina com o Bd Grenelle. Construído em 1909 e inaugurado em 1910, este tinha capacidade para acolher ate 17 mil pessoas. Hoje não mais existe, foi demolido em 1959 por ordem do governo francês.Os judeus eram  transportados em ônibus até o local e alguns, como casais sem filhos, iam diretamente para um campo de transição próximo à Paris, na cidade de Drancy e de la para Auchwitz. De todas as crianças enviadas para o campo, nenhuma retornou.
       
Rue Nelaton atualmente


          Fui visitar o memorial que fica próximo a Rue  Nélaton e o Quai de Grenelle, inaugurado em 1994 pelo presidente Jacques Chirac. Do memorial é possível ver a Tour Eifel devido a proximidade.

Quai de Grenelle
Memorial em homenagem as vitimas.


Numero 36 da Rue Saintonge
          Mas minha curiosidade foi além destas duas visitas. Ha mais ou menos dois anos atras li um romance que contava uma historia de um casal judeus e dois filhos que moravam na Rue Saintonge    nº 36 e que foram levados para o Velódromo, com exceção do filho menor. A historia é longa e triste, acredito que não seja verdadeira, e não vou relatar o conteúdo, mas fiquei impressionada com a historia e foi o suficiente para que eu procurasse o endereço onde eles moraram.














          Essa foi a mais cruel apreensão anti semita ocorrida na França pelos próprios soldados franceses, sem interferência dos soldados alemães, eles pertenciam ao governo da França ocupada. Tudo foi planejado secretamente durante a guerra, após  negociações entre Eichman, o Secretário Geral da Policia Francesa e o Delegado de Policia de Vich.

     
         Na estacão de metro Bir Hakein foi colocada em 2008 uma placa em memoria das vitimas do Vel d'Hiv.












quinta-feira, 4 de junho de 2015

Andando sem rumo por Paris


       
          Andando sem rumo por Paris em busca de locais por mim desconhecidos, cheguei à Place Saint-Sulpice (construída na segunda metade do sec. XVIII ). Local visitado por tantos turistas que ali desfrutam de tanta beleza e imponência.Todavia naquelas imediações existem pequenas e grandes ruas que escondem "segredos" facilmente desvendados, basta um pouco de curiosidade.






          Nos tempos que morei em Paris,  assistia as missas e os concertos ( o órgão é enorme e lindo ) dominicais na igreja Saint Sulpice, mas sinceramente, não prestava  atenção nas particularidades daquele quartier. A Igreja é do seculo XII, possui duas torres diferentes, uma delas  inacabada No seu interior podemos ver obras de arte do seculo XVIII e XIX, possui um gnômon, isto é, uma coluna que marca a hora do dia no solo, duas obras de Eugène Delacroix que ficam numa capela lateral à direita da entrada,  e é considerada a segunda Igreja mais alta de Paris.
Não resta dúvida, é de uma suntuosidade extrema. Infelizmente esta precisando de uma reforma. Independente de alguns mistérios que a cercam, ela é maravilhosa


Interior do Centro de Finanças Publicas.

          Mas não é esse o meu propósito, não vim falar especificamente desta Igreja, mas dos seus arredores.
          Se você estiver de frente para a igreja, do lado direito tem um maravilhoso edifício que abriga atualmente um dos "Centre des Finances Publiques"( Rue Bonaparte esquina com Place Saint Sulpice). 





         
          O muro deste prédio que fica na Rue Bonaparte (direita), tem uma homenagem aos cidadãos mortos durante a II guerra (1939-1945), assim como aos militares e civis mortos pela França, na Indochina e Africa do Norte, e ainda uma placa específica aos moradores deste arrondissement que morreram na Africa entre 1952 e 1962 com seus respectivos nomes

   
   



          Essas homenagens espalhadas nos muros de Paris me encantam por sentir o quanto a França agradece e reconhece cada um que lutou e deu sua vida para protege-la, enfim foi um verdadeiro cidadão que amou seu pais acima de tudo.









       Mas o muro do prédio que da acesso a Rue de Ferou, ou seja, à esquerda, é simplesmente uma maravilha. Esta impresso todo o poema de Arthur Rimbaud - Le Bateau Ivre - me senti absolutamente completa com essa visão. Sem palavras ali fiquei um tempo entregue aos meus devaneios e imaginando que ali caminhou um dos meus poetas favoritos.








          Fiquei extasiada e como criança li o poema em voz alta. Demorei um pouco a entender, mas quando busquei na memoria o poema, percebi que estava escrito da direita para a esquerda... depois vi que ao lado do nome do poeta existe uma explicação para tal. Acredito ter passado um tempo enorme naquele local e imaginado que do outro lado da rua, num pequeno cafe, Rimbaud ainda com seus dezessete anos, em 1871, declamou pela primeira vez esse poema para seus amigos.

         Foi um dia especial. Parece que Paris é mesmo tudo aquilo que sonhamos e mais um pouco.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Os esgotos de Paris - datados do Seculo XIV


           Não foram só através das catacumbas e das diversas estações de metro (264 Km de extensão, sendo que 169 em forma de tuneis) que Paris sentiu suas perfurações iniciadas no século XII. Mas também  através desse complexo sistema que fica em pleno 7eme arrondissement. 
           A maior parte das galerias estão fechadas ao público, mas os chamados "cataphiles" são verdadeiros exploradores dos subterrâneos de Paris. Evidente que existem as que são permitidas à visitação, como no caso as catacumbas e os esgotos. Os metros são uma constante na vida do parisiense.


          Uma aventura interessante para poucos que  se deixam ir livremente por este fantástico sistema subterrâneo. Não tem muito o que ver, não existe belas paisagens e mesmo o cheiro não é assim agradável em determinados lugares, mas suportável. 
          Não resta dúvida de que é um "passeio" completamente diferente dos famosos locais turisticos que Paris oferece com tamanho glamour.
           Antes de 1850 o sistema era inadequado e o esgoto era laçado diretamente no Rio Sena.
           Napoleão III incumbe Haussmann a tarefa de modernizar a cidade e esse por seu lado contrata Belgrand como diretor do departamento de águas e esgotos de Paris. Um projeto audacioso e favorável à população.




          Interessante ver como foi bem elaborado. Galerias interligadas, sendo que cada uma recebe o nome de uma personalidade importante na época e que de certa forma tem alguma ligação com a obra.








         
          Como por exemplo a Galeria Turgot que foi um dos responsáveis pela construção.
           Existe também neste subterrâneo um pequeno museu com os objetos que foram utilizados durante a construção e a galeria principal do museu do Sistema de Esgotos de Paris tem o nome de Belgrand em sua homenagem.

Entrada de um dos tuneis que leva em direcao as galerias.


            O que achei interessante nesse passeio é que, para os leitores de Victor Hugo, a lembrança de seu romance "Os Miseraveis" é uma das primeiras que vem a mente. Conversando com um dos visitantes que sabia muito de historia, me contou que pela amizade que existia entre Vitor Hugo e Pierre Emmanuel Bruneseau (inspetor de trabalhos da cidade de Paris e um dos responsáveis pela criação do sistema),o escritor teve acesso as muitas informações a respeito dos esgotos, resultando assim na riqueza de detalhes da obra.



Tempo de duração da visita - 1 hora e meia mais ou menos
Metro - Alma- Marceau
Atravessar a Ponte de L'Alma - a entrada fica logo apos.